A natureza humana

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foto por Timo Arnall

Definir se a “natureza” humana (se é que ela existe) é individual ou coletiva é uma tarefa difícil. Pois sobreviver é algo relativo, deve se ver a maneira mais conveniente. Há momentos que sobreviver individualmente é mais fácil, já em outros é mais fácil coletivamente. Sobreviver coletivamente é mais conveniente porque as coisas se tornam mais fáceis quando organizadas, a ordem supera a selvageria.

Afinal a natureza humana é uno ou múltipla? A natureza humana é sobretudo a sobrevivência, e a sobrevivência é ao ser que a vive é em primeiro momento individual, é um instinto natural egoísta. A esmagadora parte dos indivíduos age sobretudo da melhor maneira para si, com exceções daqueles que sacrificam sua vida para salvar a dos outros (que talvez sejam ações que se deliberadas não aconteceriam). Qualquer ser que busca sobreviver, é individualista.

Para além dessa “natureza”, o fator social complexifica o ser. O humano é um animal, mas é um animal que raciocina e vive socialmente, é gregário, e qualquer ser social pode ser agir coletivamente (visando a sobrevivência).

Pode-se concluir que somos, a primeiro nível, individualistas, mas aplicando isso a temáticas sociais seria possível justificar a desigualdade social, a exploração (no sentido pejorativo) e uma gigantesca acumulação (de propriedade privada) diante da capacidade de raciocínio lógico, filosofia, ética? Provavelmente não, pois sociedade envolve vários e não um, um código social deve visar o todo anterior ao uno. Daí que a política, e a ideologia, como instrumento de poder e dominação é de um fracasso intelectual enorme, mas como ferramenta para o bem estar comum não.

O humano por mais que tenha sua natureza individualista pode moldar-se, ser “artificial”, e isso causa uma sobrevivência mais plena, a ideologia sobrepõe-se a natureza bruta e selvagem dos outros animais, condição na qual pode superar (o “primeiro nível”). A sobrevivência em uma sociedade já estabelecida não demanda que você seja individualista pois busca-se daí mais bem estar e não sobrevivência – a não ser em lugares extremamente pobres e escassos em recursos -, apesar de essa ser a lógica do sistema, do poder, da hierarquia. A equivalência do outro a si, por meio da empatia, faz isto ser uma realidade, o não-individualismo. A individualidade deve, em sociedade, ser uma ferramenta de construção coletiva e não usada para fortalecer a visão individualista.

obs.: A perspectiva ética na lógica sempre supera uma perspectiva utilitarista pois não demanda sofrimento de nenhuma das partes, mas como a sociedade é estabelecida sobre desigualdade a ética é utopia uma vez que quem tem poder não o sede de bom grado, para tal que surgem os revolucionários, que por meio da guerra visam criar um equilíbrio.

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